sábado, 31 de julho de 2010

Pequenos balões de Apoline




O cachecol azul tapava-lhe a boca , mas a a alegria demasiada estampava-se durante toda a sua face e aquele sorriso amarelado jamais poderia ser omitido, mesmo nunca tendo sido revelado. Sua viajem naquele balão antigo guiava-se de forma mais rápida, sem mais tormentas. Apoline retirava delicadamente algumas pétalas de roseiras alaranjadas do buquê que ganhara antes de alçar voo, queria compartilhar do seu presente com as nuvens. Nuvens que com suas diversas formas construíam um mundo diferente e místico; Apoline adorava isso, pois as coisas mais belas e amadas eram sempre apreciadas pelos seus orbes em forma de pequenos plumas de algodão. As pétalas vagavam de forma doce, criando um contraste divino com o azul celeste daquela manhã , e assim como elas, sem rumo, Apoline seguia a sua guinada imprecisa, satisfeita com o resultado que obtivera depois que a chuva se passara, o sol adormecera, e o vento acalmara-se.

domingo, 18 de julho de 2010

Liberdade e felicidade


Um rodopio e um grito antes sufocado. Agora você finalmente se sente livre, e o fim nunca soara tão agradável. Seus pés fogem a todo momento, não conseguem simplesmente se manterem fixos no chão. E sua mente, suas mãos, e seu coração seguem o mesmo percurso.
Então, é um novo dia, você se sente mais velho, porém mais forte, como se o sangue derramado tivesse se convertido em algo rígido que novamente acoplara-se ao seu corpo. E assim como a chuva levara todo o calor de seu corpo, a dor levou embora todo o seu amor, agora o seu coração é tão negro quanto o véu cinzento que veste os céus, mas você se sente feliz por tudo isso.
Sombras coloridas dançam como marionetes ambulantes, e gargalhadas ecoam pelo corredor, dentre elas encontra-se a sua, que estava ali a assistir tudo aquilo sentada em meio ao chão empoeirado com aquele bloco de folhas em branco e caneta velha. Não haviam palavras para saltarem por entre os seus lábios, nem para riscarem aquele papel.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Miosótis



Os raios de sol penetravam pelo vidro da janela e iluminavam todo o cômodo assim como ao seu sorriso. Suas mãos acariciavam as minhas madeixas negras e eu apenas procurava me manter intacta. Nenhuma brisa me acalentava tanto como a sua respiração, assim como nenhuma ressonância acalmava tanto os meus ouvidos como a dos seus batimentos cardíacos. Algumas palavras saltavam por entre os seus lábios, mas eu não conseguia identificar de forma precisa os seus significados, estava ocupada demais fitando as miosótis que eu trouxera da minha terra e procurando alguma forma de entregá-las a ti. Porém nada me vinha a mente, aquelas cinco pétalas só me traziam lembranças d passado, de todos os momentos que havíamos passado. Faziam-me desfrutar de toda aquela mentira que eu alimentara um dia, e que ainda continuava mantendo. Era difícil apreciar os seus olhos, sorrir diante de suas brincadeiras, e por isso eu estava ali perto de ti, para frustrantemente tentar acabar com algo que nunca começara, a não ser em minha imaginação aguçada.
Não tinha a devida certeza do que iria fazer, entretanto sabia que tinha que fazer. Então posicionei minha mão sobre a sua e direcionei os meus olhos aos seus, pela primeira vez desde que eu chegara ali o meu olhar confrontava o seu. As palavras que despencavam de sua boca cessaram durante um minuto. Desvirei sua mão sobre a mesa de forma que os traços em toda a sua superfície ficassem visíveis, e deixei que as miosótis caíssem vagarosamente sobre ela. Em seguida, entrelacei os meus dedos aos seus, sentindo não só a sua pele quente, mas também a maciez das flores, e sussurrei “Nunca te esquecerei”. Algumas lágrimas deslizaram pela minha face enquanto a maçaneta da porta cumpria o seu ângulo final.