quinta-feira, 3 de junho de 2010

Escolhas que vem e vão sem significação




Querida Mamãe,



Não sabes o quanto fazes falta, não há mais ninguém no mundo que me compreenda como você, que consegue fazer isso mesmo que não completamente. As pessoas não sabem o significado das escolhas que fazemos, será que é tão difícil parar um segundo e compreender isso? Assim como é encarar? Eu de fato não sei, Mamãe. Eu nunca deduzi ao certo o jeito das outras pessoas que nos acompanham nesse mundo, são tão diferentes, como aqueles brinquedos que você me comprou outro dia e eu recusei-os em troca de um papel. Talvez eu seja a diferente, mas eu nunca chegarei a entender as forma de interpretação, de vivência, e de divertimento desses extraterrestres esquisitos.

Já estou no trem, e alguns zumbidos irritantes estão me atrapalhando um pouco. Ah, tratam-se apenas deles de novo, as suas vozes são tão irritantes quanto a suas personalidades. Eles também não entendem o que é preservar o silêncio e, nos seus casos, parece ser um tarefa um tanto difícil para se aprender. Mas não posso perder a concentração, não é verdade? O Donbom está me enchendo o saco ao meu lado, pedindo que eu te mande um oi. Então “Oi”. Agora ele está calmo, não sabe o quanto ele gosta de você. Eu sei, eu sei, você vai me dizer que ele é apenas um amigo imaginário, mas não é. Ele é o meu único amigo, a única pessoa que me entende e que enxerga as coisas com o mesmo olhar que eu enxergo. Você um dia ainda irá conhecê-lo. Ele parece com uma caixa, mas não gosta que digam isso, então não comente nada, certo? Você verá que é verdade amanhã no meu funeral, eu pedi que ele comparecesse. Bom, a maquinaria acabou de entrar em movimento, e não são permitidas palavras escritas aqui, apenas ditas. Eu costurei os meus lábios ontem e a segunda opção já não é algo que se possa efetuar, e eu não desperdiçaria palavras infames como o resto, você sabe disso, eu que sabe. Então, até amanhã.



Amavelmente, ...

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