sexta-feira, 25 de junho de 2010

Rabiscos e rachaduras no reflexo pálido



Acordei e desejei que eu estivesse morto. Reviravoltas constantes em minha mente me atordoavam. Sem saber o que fazer, sem saber o que pensar. Nada. Então você apenas faz, pensa, e age. Baseio-me no passado, mas tudo o que faço no presente parece vazio, como se as coisas não tivessem uma contemplação, como se esse significado só viesse com o tempo, que talvez não exista.
Dar um tempo por você, criar um mundo novo e nele permanecer por horas e horas olhando as variadas formas que as nuvens tomam, ou simplesmente manter-se inerte até a minha dor de cabeça entorpecer. Era isso que eu queria. Um mundo rabiscado pelos meus lápis de cores, antigos e desusados, onde o vento soasse como os meus suspiros. Onde o tempo fosse explícito e suficiente para que eu pudesse contar os anos passados, cada dia, a cada segundo.
O frio transformava minha respiração em pequenas nuvens, e a minha visão desvanecida aos poucos voltava à tona, fosca como sempre. Dez mil planos de propagação dos meus passos prodigalizam-se em um único piscar de olhos. Era tudo tão sintético, mas era tudo que eu queria ter.



2 comentários: