quarta-feira, 26 de maio de 2010

Disperso




Por favor traga de volta as minhas memórias, pois eu já estou me adaptando com o vazio, e ele agora é a única opção plausível para a minha impossível complementação.

Sem causas, sem motivos, sem razões, sem nada, tudo estava suspenso no ar, bem acima da minha cabeça, pendurado em pequenos barbantes que se movimentavam com a brisa leve.

Minhas mãos atravessavam aqueles adornos sempre que eu tentava tocá-los, recuperá-los. Eu estava mergulhando em musgo, precisava ser rápida, antes que fosse dissolvida completamente. Tentava saltitar aos poucos sempre que elas eram afastadas pelo vento das proximidades de minhas mãos, mas nunca conseguia um contato concreto. Sussurros e lágrimas silenciosas suplicavam por um retorno, mas nada vinha em troca. Um murmúrio e falta de ar, um aviso fatalista, o tempo havia acabado.

Você lembra de quando engatinhava pelo chão atordoada? Você lembra de quando construía mundos com bolhas de sabão? Você lembra de quando caía e se reerguia sorridente? Você lembra que nunca cresceu? Não, você não lembra.

Um comentário:

  1. !!!Adorei esse texto!!!

    Q coisa, lendo esse texto eu reforcei a ideia de q eu não tenho uma boa memória, parece q elas ficam fugindo de mim....

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