domingo, 23 de maio de 2010

Pândega obsoleta


Você já não se encaixava mais entre todas aquelas peças, não era capaz de completar o quebra-cabeça. Todos te olhavam de canto, indiferentes. Você já não era mais o mesmo, um erro mudara tudo e lhe distanciara de todos, Agora, aquelas vozes soavam silenciosas bem atrás dos seus ouvidos, era o seu nome que estava contido no meio daquela confusão de palavras que, às vezes, lhe fugiam os sentidos.

Um de seus dedos havia sido decepado , era essa a explicacão. Sua própria mão esquerda cumprira a destinação. As ferragens do trem agora encontravam-se sobre sangue, o seu sangue. Você estava caído em meio aos trilhos e cascalhos, já não ouvia mais nada, apenas os via seguindo e lhe pisoteando quando era necessário para prosseguir o caminho. Mas o único opositor ali era você, que havia alinhado as constelações da forma errada.

Um aventureiro parou enquanto esmagava o seu rosto com um dos pés, e com tremendo nojo estampado na face, tirou um pouco de sangue que nascia nos seus olhos e também do local onde mais cedo jazia o seu precioso dedo indicador. O garoto então, com a mão suja de tintura vermelha fez com o seu dedo indicador da mão direita um círculo na ponta do seu nariz, vestiu-lhe de palhaço com o seu próprio sangue. Você esbanjou um sorriso diante disso. Entretanto, a curvatura dos seus lábios seguiram no sentido oposto ao tradicional. As gargalhadas ecoaram pelo campo, todos estavam gostando do espetáculo.



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