sábado, 22 de maio de 2010

Um quadro e quatro quadrados



Uma cadeira, um copo com água, e Ást apreciando a janela de seu quarto. O orvalho que se via no gramado e as pinceladas em branco que se tinha no grande painel azul celeste incitavam as suas emoções. Seu coração golpeava fora de ritmo, lento demais. Uma sereia de voz perfeita cantava sobre uma rocha esquecida no centro do lago, e parecia levar junto com o ar que por vezes puxava para os seus pulmões os ouvidos de Ást. As imagens perambulavam em sua mente, e o copo que antes encontrava-se com uma mínima quantidade de água agora estava cheio, transbordando.

A luz se distorcia em várias tonalidades em meio aquele campo, e o exército de borboletas, assim como os amantes seguiam os seus caminhos de acordo com as suas cores. Os cavalos brancos cavalgavam em círculos formando o mais perfeito carrossel ambulante. Diante de tamanha beleza Ást pegou uma bússola e começou a desenhar o seu mapa, de um dos quadrados até o último lugar que os seus olhos puderam alcançar, da sua própria maneira. A melodia da sereia impulsionava os seus movimentos, até o momento em que um lobo se pôs ao seu lado e passou a tocar canções de desespero, fazendo com que a mesma abrisse os olhos. Como ela desejava ter falado e assim ter sido levada para longe com o resto. Mas já não conseguia mais voltar a terra de antes. Tudo agora estava fora de foco, era bem mais fácil enxergar de olhos fechados. A cadeira se desfez em pedaços, e Ást, cega, chegou ao chão, assim como o copo de cristal chegara ao pó.


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